JMJ Lisboa 2023

Papa chega a Portugal em 2 de agosto para a JMJ. Pe. João Chagas: “Uma oportunidade maravilhosa para os jovens se reencontrarem”

Como estão os preparativos para a Jornada Mundial da Juventude em vista da chegada do Santo Padre?
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O Papa Francisco visitará Lisboa de 2 a 6 de agosto deste ano por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. No dia 5 de agosto, estará no Santuário de Fátima. O anúncio foi feito ontem pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni. Esta é a segunda viagem do Papa Francisco a Portugal, depois de ter presidido às cerimônias do centenário das aparições no Santuário de Fátima em 2017, visita que foi marcada pela canonização dos pastores Jacinta e Francisco Marto. Para D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, a formalização destas datas é a “confirmação da vontade expressa de que, o sucessor de Pedro se quer encontrar, mais uma vez, com os jovens do mundo inteiro. De que os quer escutar, ver e com eles rezar. Com todos.” A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) recebeu com alegria o anúncio e expressou o desejo de que “a presença do Papa Francisco entre nós, e que inclui uma significativa peregrinação ao Santuário de Fátima, seja um forte momento de renovação e graça para a Igreja em Portugal, especialmente para os jovens, chamados por Cristo Vivo a serem autênticos evangelizadores numa Igreja sinodal e sempre em missão.”. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, declarou que se tratava de um “momento único e indelével na nossa vida coletiva”.

Diante desta nomeação, o SIR (Serviço de Informação Religiosa) entrevistou o Padre João Chagas, coordenador do Setor Juventude do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e encarregado de coordenar os preparativos da Santa Sé para a Jornada Mundial da Juventude.

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Padre João, a JMJ de Lisboa será a primeira depois da pandemia. Como pretendem responder à necessidade de se encontrar, de retomar o caminho dos jovens que sofreram especialmente com esse longo “lockdown” de relações?
Cada JMJ é, antes de tudo, uma oportunidade maravilhosa de encontro com Deus, com jovens de todas as partes do mundo e com o país anfitrião. É um convite que o Santo Padre faz a cada jovem para encontrar Jesus Cristo de forma profundamente pessoal. Para facilitar esse encontro, vários espaços são oferecidos durante a JMJ: nos grandes eventos como a Via Sacra, a Vigília e a Missa de encerramento com o Papa Francisco, mas também durante as catequeses matinais, na celebração da Missa, através do Sacramento da Reconciliação ou nos encontros do Festival da Juventude. O centro de cada JMJ é o encontro com Cristo. Por esse motivo, os jovens que ficaram mais isolados e “parados” devido ao período da pandemia vão ter uma oportunidade maravilhosa de se reencontrarem. O Papa Francisco destacou de forma especial essas duas dimensões na sua mensagem para a JMJ deste ano. Maria, que encontrou Cristo e deu o seu “sim”, imediatamente pôs-se a caminho para encontrar Isabel. O encontro com Cristo gera o encontro com o outro. Todos os jovens que forem a Lisboa, de diferentes origens e culturas, vão experimentar esta profunda experiência de amizade.

No dia 23 de julho, uma semana antes da JMJ em Lisboa, a Igreja celebrará o 3º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, cujo tema é “A sua misericórdia se estende de geração em geração”. Existe uma conexão entre os dois dias?
O próprio Papa Francisco uniu os dois dias escolhendo como tema do 3º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos um versículo da mesma passagem do Evangelho que narra o encontro de Maria com Isabel. Além disso, o Pontífice convidou os jovens a visitarem um idoso antes de partirem para a JMJ. O encontro é o fio condutor de cada JMJ, mas, como nos mostra o exemplo de Maria e Isabel, a ponte entre as gerações é um dos encontros mais importantes que temos para viver a nossa fé. Logo antes da JMJ, ou seja, no dia 23 de julho, podemos celebrar o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos nas nossas igrejas. Esta pode ser uma boa oportunidade para pedir aos idosos da paróquia, diocese, movimento ou associação de que fazem parte os jovens, que deem uma bênção para a viagem iminente e, em seguida, contar-lhes sobre a experiência vivida.

Muitos dos jovens participantes são os chamados “nativos digitais”: a JMJ vai estar adaptada a eles?
Já há algum tempo, o “acompanhamento digital” tem sido essencial. A JMJ será facilitada por um aplicativo para smartphone, além disso, os jovens poderão ouvir os discursos do Papa na sua própria língua, através do serviço oferecido pelo canal Vatican News. Ao mesmo tempo, os jovens também são convidados a se desconectarem da tecnologia e ativarem o “modo avião”, para experimentarem momentos de silêncio que facilitem a escuta da voz de Deus. A peregrinação à JMJ é uma jornada exterior, mas acima de tudo é uma jornada interior. O silêncio pode ser muito útil para conseguirmos ouvir o que Deus coloca nos nossos corações.

Qual é a contribuição do Dicastério para o Comité Organizador Local da JMJ portuguesa?
Desde o início, em 1984, o Papa João Paulo II deu ao então Pontifício Conselho para os Leigos o encargo de acompanhar a preparação das JMJ nos diferentes países. Hoje, como Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, continuamos a auxiliar cada Comité organizador e, especificamente, os organizadores de Lisboa, com a nossa experiência, garantindo que permaneçam fiéis ao espírito das JMJ.

Em termos de organização, como estão os preparativos?
A organização articula-se em diferentes níveis. Primeiro de tudo, o grande evento em Lisboa, que está muito bem preparado e já está na fase final. Em seguida, há as inúmeras peregrinações e encontros preparatórios das Conferências Episcopais, dos Movimentos e das Associações. Os relatos que nos chegam de várias partes do mundo são muito positivos. Podemos ver uma jovem geração que – assim como Maria – está verdadeiramente em movimento. Por exemplo, mais de 2.000 jovens australianos decidiram fazer uma longa viagem até Portugal, que inclui cerca de 3 semanas, durante as quais irão visitar outros importantes locais de peregrinação na Europa, como Roma. Isso demonstra que os jovens investem tempo e recursos para crescer no seguimento de Cristo e da comunidade com outros jovens.

Quantos jovens participantes se espera receber em Portugal, considerando que Lisboa 2023 ocorre num momento marcado por crises e conflitos?
O número de inscrições está no mesmo nível da última Jornada Mundial da Juventude realizada na Europa, a de Cracóvia em 2016, e estamos muito satisfeitos com isso. Naturalmente, pensamos em como tornar possível a participação dos jovens provenientes de países em situações mais difíceis ou afetados por guerras. Para este fim, o Dicastério possui um fundo de solidariedade no qual os jovens, no momento da inscrição para a JMJ, podem fazer uma pequena contribuição voluntária. É comovente ver o quanto os jovens são motivados pelo desejo de ajudar outros jovens com o desejo de encontrar-se com eles na JMJ. Isto demonstra o tesouro que temos como Igreja, como lugar de amizade, de partilha e de encontro.

Também se espera a presença de jovens de outras denominações cristãs e de outras religiões?
A JMJ é aberta a todos os jovens. Todos são bem-vindos! Claro, a Jornada é um evento ao qual os jovens católicos são convidados pelo seu Papa, mas todos são bem-vindos. Como no passado, também estarão presentes amigos de outras denominações cristãs. A dimensão ecumênica é importante para transmitir às jovens gerações exemplos concretos de diálogo entre os cristãos. A dimensão inter-religiosa e com aqueles que não têm fé oferece a oportunidade de experimentar a amizade social à qual o Papa Francisco nos convida a aderir.

Para cada jovem que for a Lisboa, há muitos mais que vão ficar suas dioceses. Como garantir que esses jovens também façam parte da JMJ?
Primeiro de tudo, gostaria de convidar todos os jovens que ainda não decidiram fazer a peregrinação à JMJ a embarcarem nessa viagem, porque vale a pena! Celebrem a fé junto com centenas de milhares de jovens e experimentem a cultura do encontro após a pandemia e apesar das dificuldades do momento! Naturalmente, a JMJ também poderá ser acompanhada ao vivo pela TV, rádio e redes sociais. As mensagens do Papa Francisco não são apenas para os jovens reunidos em Lisboa, mas para todos. Portanto, se alguém não puder participar por vários motivos, convidamos os jovens a se juntarem a nós, talvez formando “grupos de escuta” com amigos!

Portugal está debruçado sobre o continente africano, onde também há países de língua portuguesa. Seria o prenúncio de uma possível JMJ na África?
O mundo todo ficaria feliz se um dia houvesse uma JMJ no continente africano. Para que isso aconteça, é necessário um pedido oficial e concreto de uma diocese ou conferência episcopal. Mas, como é costume nas JMJ, o Papa Francisco anunciará solenemente, ao final da Missa de encerramento, o local onde a próxima JMJ internacional será realizada. Então vale a pena sintonizar e aguardar ansiosamente o anúncio!

Enquanto isso, em 2025, a celebração do Jubileu se aproxima: será possível entrever um retorno de Lisboa a Tor Vergata?
O Jubileu dos jovens está previsto no programa do Jubileu, conforme anunciado numa coletiva de imprensa pelo Dicastério para a Evangelização que está organizando o Jubileu de 2025, mas ainda é cedo para definir como será realizado. No entanto, nunca há “tempo morto” entre uma JMJ internacional e outra: a cada ano, na Solenidade de Cristo Rei, as JMJ são celebradas nas Igrejas locais. Para cada uma delas, há uma mensagem do Papa Francisco. Além disso, o nosso Dicastério publicou o documento “Orientações pastorais para a celebração da Jornada Mundial da Juventude nas Igrejas particulares”, que contém sugestões sobre como celebrar a Jornada nas Igrejas particulares. O documento pode ser baixado gratuitamente no nosso site www.laityfamilylife.va. Então não é preciso esperar muito tempo para celebrar a próxima JMJ. Depois de Lisboa, a próxima já vai acontecer dia 26 de novembro de 2023 em cada Igreja particular.

 

(original italiano © SIR - Servizio Informazione Religiosa)

 

23 de Maio de 2023