Bento XVI
Em memória de Bento XVI
Somos infinitamente gratos pelo alto Magistério de Bento XVI e pelo seu precioso testemunho de fé e de vida cristã
Por ocasião da morte do Papa Emérito Bento XVI, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida deseja expressar a sua gratidão ao Senhor "pelo dom deste servo fiel do Evangelho e da Igreja.", como o definiu o Santo Padre Francisco. Somos infinitamente gratos pelo alto Magistério de Bento XVI e pelo seu precioso testemunho de fé e de vida cristã.
Em sua memória, oferecemos alguns trechos de discursos e homilias sobre: Movimentos eclesiais e novas comunidades, Jornadas Mundiais da Juventude e Família.
Movimentos eclesiais e novas comunidades
Do Discurso do Papa Bento XVI aos participantes no Seminário de Estudo para Bispos promovido pelo Pontifício Conselho para os Leigos (17 de Maio de 2008)
Os movimentos eclesiais e as novas comunidades são uma das novidades mais importantes suscitadas pelo Espírito Santo à Igreja pela actuação do Concílio Vaticano II. Difundiram-se precisamente logo após a assembleia conciliar, sobretudo nos anos seguintes, num período cheio de entusiasmantes promessas, mas marcado também por difíceis provas. Paulo VI e João Paulo II souberam acolher e discernir, encorajar e promover a imprevista irrupção das novas realidades laicais que, em formas variadas e surpreendentes, voltavam a dar vitalidade, fé e esperança a toda a Igreja. De facto, já então davam testemunho da alegria, da racionalidade e da beleza de ser cristãos, mostrando-se gratos por pertencer ao mistério de comunhão que é a Igreja. Assistimos ao despertar de um impulso missionário vigoroso, movido pelo desejo de comunicar a todos a preciosa experiência do encontro com Cristo, sentida e vivida como a única resposta adequada à profunda sede de verdade e de felicidade do coração humano.
Jornadas Mundiais da Juventude
Do Discurso do Papa Bento XVI por ocasião da troca de votos natalícios com os Cardeais, a Cúria Romana e a Família Pontifícia (22 de Dezembro de 2011)
De forma cada vez mais clara vai-se delineando, nas Jornadas Mundiais da Juventude, um modo novo e rejuvenescido de ser cristão, que poder-se-ia caracterizar em cinco pontos.
Em primeiro lugar, há uma nova experiência da catolicidade, da universalidade da Igreja. Foi isto que impressionou, de forma muito viva e imediata, os jovens e todos os presentes: Vimos de todos os continentes e, apesar de nunca nos termos visto antes, conhecemo-nos. Falamos línguas diferentes e possuímos costumes de vida diversos e formas culturais diversas; e no entanto sentimo-nos imediatamente unidos como uma grande família. Separação e diversidade exteriores ficaram relativizadas. Todos somos tocados pelo mesmo e único Senhor Jesus Cristo, no qual se nos manifestou o verdadeiro ser do homem e, conjuntamente, o próprio Rosto de Deus. As nossas orações são as mesmas. Em virtude do mesmo encontro interior com Jesus Cristo, recebemos no mais íntimo de nós mesmos a mesma formação da razão, da vontade e do coração. E, por fim, a liturgia comum constitui uma espécie de pátria do coração e une-nos numa grande família. Aqui o facto de todos os seres humanos serem irmãos e irmãs não é apenas uma ideia mas torna-se uma experiência comum real, que gera alegria. E assim compreendemos também de maneira muito concreta que, apesar de todas as fadigas e obscuridades, é bom pertencer à Igreja universal, à Igreja Católica, que o Senhor nos deu.
Família
Da Homilia da Santa Missa do Papa Bento XVI no VII Encontro Mundial das Famílias em Milão (3 de Junho de 2012)
Não é só a Igreja que é chamada a ser imagem do Deus Uno em Três Pessoas, mas também a família fundada no matrimónio entre o homem e a mulher. No princípio, de facto, «Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus: Ele os criou homem e mulher. Abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei e multiplicai-vos”» (Gn 1, 27-28). Deus criou o ser humano, homem e mulher, com igual dignidade, mas também com características próprias e complementares, para que os dois fossem dom um para o outro, se valorizassem reciprocamente e realizassem uma comunidade de amor e de vida. O amor é o que faz da pessoa humana a autêntica imagem da Trindade, imagem de Deus. Queridos esposos, na vivência do matrimónio, não dais qualquer coisa ou alguma actividade, mas a vida inteira. E o vosso amor é fecundo, antes de mais nada, para vós mesmos, porque desejais e realizais o bem um do outro, experimentando a alegria do receber e do dar. Depois é fecundo na procriação generosa e responsável dos filhos, na solicitude carinhosa por eles e na educação cuidadosa e sábia. Finalmente é fecundo para a sociedade, porque a vida familiar é a primeira e insubstituível escola das virtudes sociais, tais como o respeito pelas pessoas, a gratuidade, a confiança, a responsabilidade, a solidariedade, a cooperação. Queridos esposos, cuidai dos vossos filhos e, num mundo dominado pela técnica, transmiti-lhes com serenidade e confiança as razões para viver, a força da fé desvendando-lhes metas altas e servindo-lhes de apoio na fragilidade. Mas também vós, filhos, sabei manter sempre uma relação de profundo afecto e solícito cuidado com os vossos pais, e as relações entre irmãos e irmãs sejam também oportunidade para crescer no amor.