Jovens

Aniversário das JMJ de Częstochowa e Madrid

Este mês de agosto marca um aniversário especial de duas Jornadas Mundiais da Juventude: os 30 anos da JMJ de Częstochowa de 1991 e os 10 anos da JMJ de Madrid de 2011
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O encontro mundial de jovens, celebrado de 10 a 15 de agosto de 1991 em Częstochowa, no mosteiro de Jasna Góra, conhecido como “capital espiritual da Polônia” foi a primeira JMJ da que participaram em grande número os jovens da ex-União Soviética. A sua forte mensagem mariana e o testemunho de tantos jovens cristãos foram coisas que marcaram a vida de muitos participantes, entre os quais un jovem italiano, hoje sacerdote e funcionário do nosso Dicastério, o Pe. Giovanni Buontempo, responsável pelas relações com os Movimentos eclesiais e as Associações de fiéis. Este é o seu testemunho:

Eu tinha 18 anos. Tinha acabado de terminar a escola, tinha à minha frente a escolha da universidade e do meu futuro, e já refletia há alguns anos com inquietude sobre a minha vocação. A JMJ de Częstochowa foi o divisor de águas da minha existência. Foi uma verdadeira peregrinação de oração, de encontro com Deus, com Nossa Senhora e com uma fé vivida e encarnada em tantas pessoas que encontrei. Foi o primeiro evento internacional vivido com os jovens do Leste Europeu, depois da queda do muro de Berlim; o entusiasmo e a alegria deles foram impressionantes. Passamos várias noites a cantar, a dançar com eles e a contar as nossas experiências. Quando São João Paulo II falou da Europa que finalmente respirava “com dois pulmões”, soubemos muito bem o que queria dizer! A JMJ de 91 foi também um surpreendente encontro com a fé e a generosidade do povo polonês. A cidade estava lotada, e naquele tempo a organização da JMJ ainda não tinha a experiência que tem hoje, mas o povo polonês conseguiu atender às necessidades que surgiram.

Lembro-me, por exemplo, que na noite da vigília, muitas famílias abriram os seus apartamentos nos condomínios, disponibilizaram os banheiros, e deram a todos de comer e de beber. Além disso, ficamos tocados de ver a devoção mariana dos jovens poloneses: ficamos admirados ao vê-los de joelhos diante da imagem de Nossa Senhora, ao ver as orações deles, os cantos, as lágrimas de alegria. Aprendemos com eles a ter confiança em Maria e a tê-la sempre ao nosso lado no caminho de fé. Entendemos de onde vinha a fé e o amor que o Papa Wojtyla tinha na Virgem Maria. A graça que eu recebi ao fim desses dias inesquecíveis foi a força de abraçar a vocação sacerdotal, ultrapassando todo o temor e toda a hesitação. Desde então a Virgem sempre me tem acompanhado na minha vida de fé e nos 23 anos do meu ministério sacerdotal. Serei eternamente grato ao Senhor pelo dom da JMJ de Częstochowa.

Da mesma forma, a JMJ de Madrid 2011 com o seu tema: Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé (Col 2,7) reuniu centenas de milhares de jovens num país europeu, onde proclamaram a sua fé pelas ruas de uma cidade moderna e redescobriram as pegadas cristãs no Velho Continente. Entre os organizadores de todo esse encontro estava o Dr. Santiago Pérez de Camino Gaisse, hoje responsável pela promoção dos leigos no nosso Dicastério:

A JMJ de Madrid de 2011 foi para mim um momento de mudança radical na minha vida. Eu colaborava desde 2003 com a pastoral da juventude de Madrid, quando fui chamado pelo Diretor da Pastoral da Juventude para trabalhar na preparação da JMJ. Imediatamente respondi que sim, mesmo sabendo que ia deixar um trabalho por tempo determinado e que, depois da JMJ, estaria desempregado. Foi um desses “saltos da fé” que eventos desse tipo dão força e coragem para fazer. Temos de confiar no Senhor, porque Ele não se deixa vencer em generosidade e devolve cem por um. Eu estava encarregado da gestão dos vistos e da preparação da chegada dos peregrinos em Madrid. Foram muitos os contatos com o Ministério do Exterior, a Polícia, a Alfândega, etc. Um dos muitos trabalhos escondidos da JMJ que fazem com que o evento seja um grande sucesso. Quantas intermináveis jornadas de trabalho até altas horas, quantos emails e ligações a responder... às vezes nos perguntávamos se íamos conseguir levar a termo uma missão tão importante. Mas o Senhor serve-se do nosso pouco para fazer milagres, como fez com os cinco pães e dois peixes.

E eu pude ver com os meus próprios olhos verdadeiros milagres. Naqueles dias, Madrid respirava um ar de festa, de alegria. Muitos comerciantes e citadinos confessavam que os jovens transmitiam uma alegria diferente, que não desaparecia. Esses testemunhos suscitaram, primeiro entre os jovens, depois entre os “madrileños”, experiências de conversão, de mudança de vida, de uma sã vontade de viver por Alguém...

Lembro-me como se fosse ontem o momento da adoração diante do Santíssimo a Cuatro Vientos... pessoas tão diferentes rezavam com um silêncio exterior, mas com hinos de louvor e oração no coração. No Parque do Perdão, para milhares de jovens, a JMJ foi a ocasião para aproximar-se da confissão, para alguns pela primeira vez em muitos anos. Nunca vou esquecer a explosão de alegria durante o encontro do Papa com os voluntários. E a mensagem do Papa Bento que, depois da enxurrada, resolveu ficar com os jovens, dizendo: “Tivemos uma aventura juntos. Firmes na fé em Cristo, vocês resistiram à chuva! Agradeço pelo exemplo maravilhoso que deram. Como aconteceu nesta noite, com Cristo poderão sempre enfrentar as provas da vida. Não se esqueçam disto! Obrigado a todos!”

No final, o Senhor recompensa. Inesperadamente, recebi um convite para trabalhar para a Igreja e para o Papa depois da JMJ no Dicastério para os Leigos. Nunca teria pensado que a minha vida mudaria tanto assim. E também nunca teria imaginado que poderia ser tão feliz.

 

 

12 de Agosto de 2021